quarta-feira, 21 de maio de 2008

A história das coisas

A consciência ambiental das sociedades aumenta de dia para dia, pelo que vejo à vinha volta. Estamos a atingir uma situação em que é impossível ficar indiferente aos alertas dos especialistas da área, que se tornaram perfeitamente consensuais. Os sinais na sociedade vêm também de cima, de governos e grandes empresas, para alguns ainda insuficientes, para outros na medida do possível. São alterações que não podem operar-se instantaneamente; terão uma implantação gradual, mas querem-se ao ritmo mais rápido possível.

Acredito que temos motivos para estar optimistas. Os ambientalistas fazem o seu papel, erguem e agitam os braços na ávida tentativa de chamar mais atenções para esta causa global. Devemos-lhes isso. Mas, aparentemente, temos ainda tempo para inverter a tendência negativa, se seguirmos e acelerarmos o caminho que estes sinais apontam.


Com uma ressalva para a necessidade de evitar exageros desesperados, recomendo o excelente vídeo que se encontra no sítio “The story of stuff”, um alerta exemplar para estes assuntos. Como diz, no vídeo, Annie Leonard o actual estado de coisas não é irreversível, não foi estabelecido pela natureza mas antes por nós próprios. Cabe-nos agora reconhecer o erro e corrigi-lo. Antes que seja tarde!

Já agora, aproveito para chamar a atenção para a agência criativa responsável pela produção do vídeo, a “Free Range Studios”. Preocupam-se com coisas importantes, merecem, sem dúvida, que se dê uma vista de olhos à página deles.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Desacordo ortográfico II.

E pronto, está aprovado. Já aqui tinha escrito, no texto de 24 de Abril, a minha opinião sobre este acordo ortográfico, mas permitam-me que deixe claro que estou convencido que vamos sobreviver. Ao passar os olhos pelas dezenas de comentários deixados à notícia no “Público” fiquei surpreendido pelos extremos a que chega a militância de algumas pessoas contra o acordo. Apesar de partilhar a orientação fundamental na opinião, detestaria que se visse na minha argumentação quaisquer sombras destes pouco sensatos laivos de reaccionarismo nacionalista.

Tenho pena que o acordo tenha sido aprovado, mas se e quando o seu conteúdo passar a vigorar não vai ser nenhum drama e tenho a certeza de que vamos todos habituar-nos à nova ordem mais depressa do que muitos pensam. A ortografia era diferente nos tempos do Eça, bem diferente nos tempos de Camões, e nada disso nos impediu, por um lado, de apreciar as respectivas obras nos nossos dias e, em segundo lugar, de defender a versão actual da ortografia da nossa língua contra este acordo. Para além disso, já agora, não me parece que venhamos, por isto, a ser anexados pelo Brasil.

Não é uma visão reaccionária que sustenta, insidiosa, a minha posição. Tenho até uma visão pouco carrancuda da mudança, como tentei mostrar no parágrafo anterior. No entanto, tal como escrevi naqueloutro texto, não consegui ver justificação para esta “actualização”. Tenho pena porque me parece que não é a língua por si mesma que pede esta mudança, mas outros considerandos que, ao serem invocados sob uma visão emoldurada de alarmismo, parecem justificar que se espezinhe os demais interesses na procura arquejante desse suposto bem premente.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Bem agarrado ao poder.


Muito mal se conta no Zimbabué. Os partidários do ditador Mugabe estiveram mais de quatro semanas a “tentar” contar os votos das eleições presidenciais e parlamentares, para depois anunciarem a vitória do Movimento para a Mudança Democrática (MDC) de Morgan Tsvangirai. Provavelmente, obtiveram repetidamente o inexplicável resultado da perda da maioria parlamentar do partido Zanu-PF, levando-os a fazer verificações sucessivas das contagens. É que este resultado é perturbantemente extraordinário quando se pensa que as eleições foram por eles fabricadas à partida.